Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em uma família católica que se destacou na magistratura e advocacia. Porém, desde a sua juventude, interessou-se pelo estudo das ciências e da filosofia.

 

Educado na Escola de Pestalozzi, um grande educador suíço, tornou-se um de seus eminentes discípulos e propagador de seu método, que tão grande influência teve na reforma do ensino na França e Alemanha. Essa escola abriu sua mente para novas ideias, ideias que o tornariam um progressista e livre-pensador.

 

Resumir a vida de Rivail não é tarefa simples. Grande estudioso e pensador de sua época, foi poliglota, traduziu obras de educação e de moral, foi membro de diversas sociedades acadêmicas. Como pedagogo lutou pela democratização do ensino público. Em sua residência, manteve cursos gratuitos de química, física, anatomia, astronomia e outros. Essa é apenas uma parte de sua contribuição social, acadêmica e na área da educação.

 

O envolvimento de Rivail com o Espiritismo veio do interesse em estudar e explicar os fenômenos mediúnicos que se manifestavam ostensivamente no século XIX. As mesas girantes, que se moviam no ar, respondendo às questões das pessoas através de batidas, deixou-o intrigado e trouxe desconfianças. Seriam um truque, uma enganação?

 

Seus estudos meticulosos, no entanto, apontavam a existência de uma força inteligente por trás dos fenômenos, que ele identificou como “Espíritos dos mortos”. Desse estudo incansável e meticuloso, nasceu O Livro dos Espíritos, a primeira obra da codificação.

 

O pseudônimo Allan Kardec foi recomendação do guia Zéfiro, para preservar sua reputação no meio intelectual e não confundir suas obras científicas com as da codificação. Inúmeras foram as contribuições e os embates travados por ele para defender e explicar todo esse novo conhecimento. A mediunidade foi o veículo pelo qual pôde pesquisar os fenômenos espirituais.

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Nem sempre havia seriedade na forma de lidar com os fenômenos, por isso ele mesmo duvidou inicialmente. Daí a relevância de seu trabalho. O Espiritismo criado sem o rigor científico de um cientista sério e renomado como Rivail teria caído no esquecimento e não teria criado raízes no Brasil.

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"O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá. Quem deseja tornar-se versado numa ciência tem que estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento de ideias."

Kardec, O Livro dos Espíritos, Introdução VIII